CUBOS EM CASA


Em Cena o Jogo Coreográfico

Concebido e dirigido por Lígia Tourinho (Artista do movimento e pesquisadora em Artes da Cena, também é Professora do Depto. de Arte Corporal da UFRJ, Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Dança (PPGDan/UFRJ) e professora convidada da Pós-graduação em Laban da FAV-RJ) o Jogo Coreográfico foi desenvolvido com o objetivo de explorar o acontecimento da coreografia, dentro de suas especificidades e de outras propostas que permeiam esta ação em dança.
O jogo coreográfico é uma ação sobre o ato de coreografar e de ser coreografado, nele tem-se os jogadores coreógrafos que direcionam e determinam as funções dos jogadores intérpretes dentro do jogo; os jogadores intérpretes que desenvolvem os comandos dos jogadores coreógrafos, criando sua dança e dialogando com os outros participantes e o jogador público que recebe as informações no momento em que o jogo acontece e que em algum momento pode se disponibilizar a ser jogador intérprete ou jogador coreógrafo.

No exercício, ocorrem os acasos e a dança é direcionada de uma forma mais livre, na qual quem dança ou quem joga pode estar criando os seus próprios movimentos com apenas alguns estímulos básicos como: a movimentação livre nos níveis alto, médio e baixo; a ação do espelho onde o ser dançante segue a movimentação de quem está à sua frente; as movimentações do cotidiano como andar, correr, parar, com o ato de escrever seu próprio nome no espaço com o seu corpo de maneira pessoal e etc. Victor Oliveira destaca que:

O Jogo Coreográfico não se limita a produção cênica, ele se estende (de várias maneiras) a fim de provocar reflexões sobre o fazer artístico, as relações que se estruturam entre público e obra, as estratégias de fortalecimento do espaço criativo em dança, as possibilidades de interação entre os variados grupos que se reúnem na apreciação de um espetáculo, a intervenção necessária ao aprimoramento dos indivíduos, o mister de uma formação de público mais consciente e integrada aos homens e suas necessidades; enfim, o Jogo serve para pensar sobre o que produzimos e consumimos. (Oliveira, 2010, p. 6).

Perceber a dança dentro do jogo coreográfico nos leva a observar o quanto criativos podem ser as pessoas que dançam e como esses momentos de improvisação podem contribuir para o crescimento pessoal e social do dançante. Enquanto jogador coreógrafo pode-se ver que é explorado o ato de criar, direcionar, de desenvolver uma cena de dança e observar a construção desta no próprio ato. Já o jogador intérprete terá que ficar atento aos estímulos para poder atender às proposições feitas pelo jogador coreógrafo, e, instantaneamente se colocar participativo na cena do jogo. O jogador público poderá observar os acontecimentos e criar relações com aquele ato livre e único, podendo também em algum momento entrar e participar, seja como jogador coreógrafo, seja como jogador intérprete.

Mesmo que trate-se este ato enquanto jogo, jamais deixaremos de mostrar sua importância e seriedade dentro de sua estrutura e de sua função no que diz respeito ao seu desenvolvimento e acontecimento que é amplo em suas formas de ser desenvolvido. Tal afirmação está pautada na citação abaixo.

Não podemos esquecer que apesar de lúdico e, por isso, geralmente esta experiência gera divertimento aos participantes, este é um jogo sério que tem como finalidade o exercício da arte da coreografia, ou seja, o exercício da dança, o exercício cênico de comunicar algo a alguém. É importante ressaltar que este jogo possui regras e princípios estruturais e que as funções dos jogadores são parte dessas regras e princípios. (TOURINHO, 2007, p 2)

Penso que a dança desenvolvida sob a perspectiva do jogo coreográfico abre espaço para que as pessoas criem, coreografem e direcionem a dança de uma maneira mais artística e espontânea. Esses conhecimentos e práticas indubitavelmente estarão nas suas relações dentro e fora da sala de aula, ultrapassando barreiras físicas e adentrando outros espaços de suas vidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, Victor Hugo Neves de Oliveira. Jogo Coreográfico: Uma Proposta de Animação Cultural na “Criação” em Dança. Gambiarra (Niterói), v.III, P. 01, 2010.
TOURINHO, Lígia. Jogo Coreográfico: uma proposta pedagógica e artística sobre o fenômeno da composição coreográfica e dramatúrgica na dança contemporânea. IV Reunião Científica de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, Belo Horizonte, MG 2007.

Alguns videos interessantes para quem quiser entender mais sibre:

Este texto faz parte do Artigo “Jogando com a Dança”: uma ação criativa na escola. Ele foi publicado no Educon (UFS) no ano de 2019 e foi desenvolvido pelo Professor e Bailarino do Centro Cubos de Dança José Elisson.

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