Foto: Reprodução / Folha de São Paulo - Sergio Matta |
Há quem diga que a dança é a arte
de mexer o corpo, através dos movimentos ritmados, onde você expressa todos os
seus sentimentos e alegrias. Agora, imagine uma pessoa com deficiência visual
conseguir aprender passos de balé clássico, através da descrição e emoção que
a professora passa para eles. É com esse trabalho, feito por meio do toque e da
percepção corporal, que os bailarinos da Associação de Ballet e Artes para
Cegos Fernanda Bianchini transformam o que era impossível, em bela arte.
Fernanda e as alunas do projeto. Foto: Reprodução / Revista Época |
Há 19 anos, a Associação ensina Ballet
Clássico, Sapateado, Dança de Salão, Danças para terceira idade, Ballet para
adultos e música. Com esses cursos, os alunos melhoram a postura, o equilíbrio,
a noção espacial e a autoestima, além de romper barreiras e preconceitos.
A inclusão em todos os gêneros. Foto: Reprodução / Cia Fernanda Bianchini |
Inicialmente, as aulas foram ministradas no Instituto
de Cegos, na capital paulista, em 1995. Lá a bailarina e fisioterapeuta
Fernanda Bianchini percebeu que ensinar balé para deficientes visuais exigia mais
criatividade do que técnica. Nas
primeiras aulas, Fernanda tentou descrever como se executava um passo chamado “echappé”
falando que era para as meninas se imaginarem saltando para fora e para dentro
de um balde. Porém, uma das alunas não sabia o que significava a palavra balde.
Foi a partir desse momento que ela entendeu que precisava entrar no mundo do deficiente,
aprender as limitações e as suas dificuldades.
Os passos são aprendidos através do toque e da percepção corporal Foto: Reprodução / Folha de São Paulo |
Especializada em distúrbios do
desenvolvimento, Fernanda foi pioneira no mundo ao criar um método para a
inserção desses jovens na dança. A Associação dá aulas gratuitas a deficientes
visuais e 10 % das vagas são destinadas a alunos com outros tipos de
deficiências e a crianças e adolescentes sem deficiência, visando trabalhar a
inclusão às avessas.
Geyza Pereira foi uma das primeiras alunas do Projeto e hoje faz parte do corpo docente Foto: Reprodução / Cia Fernanda Bianchini |
Além da magnitude do projeto, o
que chama atenção é o fato da associação ter professores também deficientes
visuais. É o caso da bailarina Geyza Pereira, que integrou ao projeto logo no
início e hoje passa seu conhecimento aos novos alunos.
Foto: Reprodução / Cia Fernanda Bianchini |
Destaque em jornais, revistas e
programas de TV, no Brasil e no exterior, os bailarinos da Associação já receberam
mais de 100 prêmios em festivais de dança e participou na abertura dos Jogos
Paraolímpicos de Londres, em 2012.
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