Foto: Filippe Araujo |
Há quem diga que dançarinos são seres de outro planeta. Eles
podem saltar bem alto, ter o corpo de borracha, a força de um lutador de sumô
com um corpinho pequeno e girar sem ficar tonto. Foi a partir dessa curiosidade que um
estudo identificou diferenças importantes em suas estruturas cerebrais que os
impedem de sentir tonturas durante essas rodadas intermináveis.
Os resultados, publicados na revista Cerebral Cortex, mostram
que os anos de treinamento permitem que dançarinos supram os sinais dos órgãos
de equilíbrio no ouvido interno, fazendo com que eles não caiam. Esse estudo
pode ajudar a melhorar o tratamento de pacientes com tontura crônica, doença que pode
afetar as pessoas em algum momento durante suas vidas.
Normalmente, a sensação de tontura decorre dos aparelhos vestibulares
no ouvido interno, também conhecido como órgão gravitoceptor. Nos
humanos, este sistema é composto pelos três canais semicirculares que se fundem
numa região central denominada vestíbulo, que apresenta duas outras estruturas
vesiculares: o sáculo e utrículo, também conhecidos como órgãos otolíticos. m
situações de movimentação, a endolinfa encontrada no interior dos canais
semicirculares caminha em direção oposta ao movimento da cabeça. O sistema
vestibular é constituído por uma estrutura óssea dentro da qual se encontra um
sistema de tubos membranosos cheios de líquido, cujo movimento – provocado por
movimentos da cabeça – estimula células ciliadas que enviam impulsos nervosos
ao cérebro ou diretamente a centros que controlam o movimento dos olhos ou os
músculos que mantêm o corpo numa posição de equilíbrio.
Depois de se virar rapidamente, o fluido continua a se
mover, o que pode fazer você se sentir como se você ainda está girando. Porém, bailarinos
podem executar várias piruetas com pouca ou nenhuma sensação de tontura. Isso se
deve a uma técnica que envolve mover rapidamente a cabeça para fixar o olhar no
mesmo local, tanto quanto possível.Foto: Ronise Ramos |
Pesquisadores do Imperial College de Londres recrutaram 29 bailarinas para comparar com outras 20 mulheres com idade e níveis de aptidão semelhantes. As voluntárias foram colocadas em uma cadeira em um quarto escuro que girava rapidamente por um breve período. Os pesquisadores também mediram os reflexos oculares desencadeados pela entrada dos órgãos vestibulares. Mais tarde, eles examinaram a estrutura do cérebro dos participantes com exames de ressonância magnética.
A pesquisa aponta que dançarinos sabem como não usar seus
sistemas vestibulares, contando apenas com movimentos pré-programados altamente
coordenados. Para um bailarino não é útil sentir tonturas ou desequilíbrio.
Seu cérebro conseguem se adaptar ao longo de anos de treinamento para
suprimir essa entrada. Consequentemente, o sinal enviado para as áreas do
cérebro responsáveis pela percepção de tontura no córtex cerebral é reduzido,
tornando dançarinos resistentes a sentir tonturas.
“Marcar a cabeça” não é apenas uma expressão que o seu professor fala da boca para fora. Agora temos a comprovação científica de que a fixação do olhar em um ponto ajuda na hora da dança e pode também melhorar a qualidade de vida de pacientes com tontura crônica.
“Marcar a cabeça” não é apenas uma expressão que o seu professor fala da boca para fora. Agora temos a comprovação científica de que a fixação do olhar em um ponto ajuda na hora da dança e pode também melhorar a qualidade de vida de pacientes com tontura crônica.
Com informações do site Daily Mail
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